quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A nova discriminação no Brasil

     Olá pra você que é branco, estuda em escolas particulares sem bolsa de estudo e que tenta uma vaga em uma universidade pública. Como você está se sentindo com as novas cotas? Injustiçado? Eu também. E olhe que eu nem presto mais vestibular.
     Gente, é o seguinte: não vou discutir se os cotistas tem ou não tem capacidade de se manter no nível que as universidades públicas pedem. O que eu quero discutir é CONSTITUIÇÃO, HISTÓRIA e RESULTADOS.
     Não diz a nossa Constituição que SMOS TODOS IGUAIS INDEPENDENTE DE COR, SEXO, IDADE, RELIGIÃO, CLASSE SOCIAL? Então por que eu seria uma pessoa com menos chances de estar em uma universidade pública por ser branca, por meus pais terem ralado pra pagar uma escola particular pra mim (eles pagaram pela minha educação duas vezes, não é mesmo), e todo o resto? Por que isso me desmerece?
     Acho, realmente, que é necessário haver reformas na nossa educação. Como está não dá pra ficar, mas, de verdade, colocar cotas? COTAS? Não.
     A solução é melhor a educação lá do início, ensinar as crianças a ler (e ler são é entender as letras: é saber INTERPRETAR O QUE SE LÊ), melhorar nosso ensino médio e dar condições pros alunos lutar de igual pra igual com o pessoal de escola particular.
     Na época dos meus pais estudar em escolar particular era vergonhoso. Era literalmente PPP (papai pagou, passou). Escolas públicas é que eram boas de verdade. Estudantes de rede pública que tinham chances reais de entrar em universidades públicas. E o que aconteceu?
     Não vou falar que foi governo de fulano ou ciclano. Foram TODOS eles. Eles deixaram de investir nos alunos, no futuro da nação e passaram a investir no bolso deles, deixaram-se corromper, deixaram-se desviar dinheiro público. E nossa educação, tadinha, foi sendo deixada para trás. Vejam quanto um professor recebe. Que vergonha.
     Sabe o que é? Governar um povo sem educação é muito mais fácil. Um povo sem educação não sabe gritar por seus direitos, não vai às ruas em panelaços e deixa tudo ir acontecendo e vai reclamando do seu governo.
    Não sou lá muito fã dos hermanos, mas eu admiro o povo argentino. "Os caras" não deixam barato: não aprovamos, vamos as ruas reclamar.
     Está na hora de acordarmos, gente. Chega de reclamar dos governos que NÓS colocamos. As eleições estão aí. Vamos fazer valer nossos direitos. EDUCAÇÃO DE QUALIDADE PRA TODOS. E logo.

Um comentário:

Yan Masetto disse...

No Chile, 40 mil de estudantes foram às ruas, saíram, gritaram, lutaram pelo que queriam: que não cortassem orçamento destinada à Educação. Três meses depois, o Ministro da Educação do país não suportou e saiu. Exemplares? Possivelmente, o mais próximo de cobrança de direitos ao povo.
Outra coisa, avaliando as cotas: se é para ter cota, pusessem cotas direito. Uma grande porcentagem não é justa, não é a forma mais certa de se promover alunos, mas já que é para ter, que tenha assim, em alto índice. Bem, outra discussão é como a Educação em nosso Brasil está. Como professor, eu fico em um beco sem saída: nas escolas públicas, "ninguém" (lê-se a grande maioria) não está nem aí com a paçoca; na particular, se você cobra e é justo perante a aplicação das notas e da cobrança de respeito, você é demitido, pois os papaizinhos pagam o professor. O PPP de antigamente não mudou, mas pelo menos os números em vestibulares mudaram. Educação está PÉSSIMA em todo o país, com cotas, sem cotas, com particulares, com públicas: precisamos de mudar TUDO. Ah sim, mudar tudo começa com a grana de "nossos" políticos, mas a boa vontade está ausente, de férias, a algum tempo já. O que nos resta, além de alguns chorarem, outros gritarem de pavor? Votarmos bem! E cobrarmos aqueles que são nossos trabalhadores, que estão sob o julgo do povo, mas que o Povo não se lembra durante 3 anos e meio.